sábado, 19 de abril de 2014

Como explicar?


A doutrina espírita nunca teve o objetivo de atrair adeptos. Talvez, o único do objetivo seja trazer o consolo que o materialismo de forma alguma consegue trazer.
A presença de espíritos no nosso dia a dia é muito mais frequente do que imaginamos. Ideias, sugestões, pensamentos, lembranças... boas ou ruins são nossos irmãos espirituais que estão fazendo-se presentes.
Mas como provar a existência de espíritos? É o mesmo que explicar ao cego o que são as cores. É mesmo explicar para o surdo o que é som! Imagine uma pessoa que nunca viu o mar, como explicaremos a quantidade de água e que dentro dela existem vidas?
Antes de 553, a igreja católica tinha para ressurreição o conceito que damos hoje para reencarnação. Mas Dona Teodora, esposa do Imperador Justiniano, foi a responsável pelo sequestro do Papa Virgilio, que ficou sendo torturado por oito anos e acabou sendo obrigado a assinar o Concílio de Constantinopla, (que proibia todos os religiosos de divulgar a imortalidade da alma, o renascer outra vez em um novo corpo), mesmo não tendo bispos católicos romanos, só composta por bispos orientais ortodoxos.
Hoje, A Alegoria da Caverna, escrita por Platão, quatrocentos anos Antes de Cristo (nascer), ainda é a melhor ilustração de como é difícil mudar o mundo, mudar consciência, mudar cultura, mudar o que achamos que é o certo.
Em outras palavras, repertório para mostrar que interesses pessoais mudaram o rumo da história eu tenho. Porém, não estou aqui para atrair adeptos, só quero demonstrar que quem te ama, está ao teu lado...
Beijos no coração

JP & GV

Voltando ao universo espiritual

Demorei muito tempo para entender os motivos para que Deus me agraciasse com a mediunidade. Num mundo onde os encarnados fazem questão de negar a existência dos desencarnados, para que importa vê-los se ninguém acredita?

Curiosamente, Deus trouxe-me para São Paulo, uma terra onde muitas pessoas carregam o peso da dor do desencarne precoce de pessoas queridas. Agora, por aproximadamente, 10 minutos, tentei pensar em alguém que eu conhecesse e que tivesse despertado grande “amor” e que não tivesse “perdido” alguém. Paralelamente, outras pessoas que conheci nessa minha vida de andarilho, também não entendem a morte. E me fazem sofrer, pois nunca sei como dizer: “olha para o lado, ela está aí te abraçando”!

Antes de qualquer outro texto, devo dizer que 85% do que escrevo, do que falo, do que eu digo, não são palavras minhas. Os 15% que são meus, é da impaciência, intolerância e infelizmente da arrogância! Não serão de forma alguma exposto a vida das pessoas que amo, mas de certa forma farei todos refletirem...

Beijos no coração
JP e GV


sábado, 17 de setembro de 2011

Judas Iscariotes - o emocionante encontro de Irmão X com o Apóstolo

Quero, se possível, que todos meditem sobre este texto, que achei, de Chico Xavier...
jp.


Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.
Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições.
Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.
Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.
- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.
- Judas?!...
- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho...
Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.
-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – perguntei.
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica.
E prosseguiu:
Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...
- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.
- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...
- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.
Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...
- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.
Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.
Humberto de Campos (Irmão X), psicografia de Chico Xavier, em 19/04/1935, do livro Palavras do Infinito - Lake Editora

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A mediunidade é: Desenvolvida ou Educada?



Muitas pessoas falam que a mediunidade está sendo desenvolvida, ou que está sendo aflorada. Mas se ela é desenvolvida, por que será que tem períodos em que ela é interrompida?

Falo como sempre, em primeira pessoa, pois até começar a estudar os livros de Alan Kardec, tive meus altos e baixos com a mediunidade. Tinha épocas em que vozes e vultos eram uma constante em minha vida. E épocas em que o silêncio me assustava.

Então comecei a pensar: Se na Terra é o reflexo do Mundo Espiritual, ("assim na Terra como no Céu") logo, a suspensão da mediunidade não é um castigo e sim proteção. Pois um verdadeiro Pai, como DEUS é, não castiga os filhos, mas sim, protege-os.

Quer um exemplo? Ver um espírito de um amigo querido ou um parente que nos protege, é uma maravilha. Mas imaginem aí se um espírito perturbado, que desencarnou magoado, aborrecido, me aparece? O que eu faria com ele? E o pior, imagina se ele descobre que posso vê-lo? Como é que me livro dele?

Então percebi que tinha que estudar para ter mediunidade, ou seja, educar a mediunidade.

A mediunidade é como a escrita, que veio mudar a história do mundo. Todos nós nascemos sem saber ler nem escrever, no entanto, todas as letras, frases, orações, verbos, pronomes, substantivos, adjetivos já existem. Quando nos educamos, podemos ler, escrever, compor, declamar.

Qualquer um de nós, pode educar o dom da música, da pintura, da literatura, escultura, oratória… O mesmo acontece com a mediunidade, ela está sempre conosco, mas precisamos nos educar espiritualmente.

Quer mais um exemplo? Minha irmã Patrícia não é espírita, porém tem como poucos o dom de aprender rapidamente as coisas e olhe que não é pouca. Ela toca violão, canta, pinta, fala fluentemente italiano. Quando ela quer aprender uma língua ou uma arte ela consegue.

Então! A mediunidade é a mesma coisa. Tem pessoas que a educam em pouco tempo, outros demoram mais par obter o mesmo resultado.

Um exemplo mais citado sobre a mediunidade e seus riscos, é dado pelo Professor Divaldo Franco: “Se você entrar num laboratório de química, e ver um tigela com um líquido transparente dentro, e o rótulo escrito H₂O, este líquido não gerará riscos. Porém o H₂SO₄ é tão transparente quanto o H₂O, mas é ácido sulfúrico”. Se eu não deixar uma criança entrar num laboratório de química estarei sendo ruim ou protetor?

Aprendam mais sobre o espiritismo, as nomenclaturas, estudem a bíblia, a vida de Jesus Cristo, saibam amar incondicionalmente, sem perder a oportunidade de perdoar. 

Abraços Carinhosos
jp

sábado, 3 de setembro de 2011

Os devotos de São Thomé


Se, tem algo que me tira do sério é a desculpa de quem não acredita em espírito por vê-los, os chamados Devotos de São Thomé, tem que ver para crer.

Hoje, estava pensando nos invisíveis que utilizamos diariamente. Ao acordar, ligo o rádio todos os dias, as freqüências moduladas também são invisíveis e estamos cercadas delas. Mas ligando o rádio, poderemos captar as vozes dos radialistas, repórteres, entrevistados e é claro, dos cantores.

Em seguida, ligo a televisão. As ondas eletromagnéticas que trazem som e imagens para minha televisão, também são invisíveis aos olhos humanos e, no entanto, ao ligar a TV, assisto de tudo e mais alguma coisa. Em relação a TV, ainda tem outro grande exemplo. Uma TV normal não exibe todos os canais de uma TV a Cabo ou com parabólica. O que poderemos comparar com médiuns. Nem todos possuem a capacidade de ver todos os espíritos da mesma forma. Eu por exemplo, vejo sombras, vultos, para ver realmente, tenho que relaxar bastante e me concentrar mais ainda. Porém nosso querido Divaldo Franco tinha inicialmente dificuldade em distinguir encarnado de desencarnado, tamanha era a educação mediúnica.

Mas voltando ao que não vemos, ainda temos em casa o wireless, pois utilizo de qualquer lugar da minha casa, meu netbook, para me comunicar com minha mãe que está em Portugal, sem nenhum fio. E por falar em comunicação, quem é que ver a voz dos nossos amigos, parentes e companheiras chegando aos nossos telefones celulares?   

Logo, o que não vemos não é prova de que não exista.

Os espíritos fazem-se presente muito mais do que podemos imaginar. Quem nunca pressentiu algo de bom ou ruim? A todo segundo recebemos passes, sugestões, incentivos, avisos, lenitivos, orientação e o que fazemos? Dizemos: “é intuição”, “é sexto sentido”, “a vida me ensinou”, “sou esperto demais”… No melhor das hipóteses, a gente diz “meu santo é forte!”. Lado bom da história, os bons espíritos querem sempre ajudar, sem necessidade de créditos.

Em 2001, estava em Portugal, na casa da minha mãe em Caldas da Rainha, quando meus avôs ligaram de Lisboa pedindo para ir buscá-los. Tinha acabado de chegar da rua com o Citroën Ax, que até então funcionava lindamente. Tomei um cafezinho com minha mãe e voltei para o carro para ir buscar minha avó e meu avô.

Porém o carro que estava lindamente, não quis mais pegar de forma alguma, o que me obrigou a pegar o carro do meu padrasto para percorrer os 90 kms entre a casa da minha mãe, em Caldas e a casa da minha tia, onde estavam os meus avôs em Lisboa.

Fui e voltei rapidinho, pois as estradas Européias são verdadeiros tapetes. Mas ao retorna a casa, voltei-me para o Citroën Ax que não queria funcionar. Pois é, ele não queria, no passado, pois assim que dei a chave, o motor ligou sem nenhum esforço.

Como não iria mais sair com o carro, coloquei dentro do pátio da casa, quando meu vizinho avisou que o carro estava vazando “água”. Abrir o motor e constatei que o radiador estava cheio, que o problema não era água. Foi então que resolvi olhar debaixo do carro e descobrir que o líquido transparente era o fluído do freio que estava vazando.

Neste momento agradeci á Deus por ter mandado os bons espíritos me proteger, evitando que pegasse uma estrada com um carro sem freios.

Lembrem-se, não estamos sozinhos e o ato de orar tem que está presente no nosso cotidiano.

domingo, 28 de agosto de 2011

Um sorriso singelo



Vou para o trabalho sempre no mesmo ônibus, pois fiz amizade com o cobrador. Desde criança que sempre puxei conversar com rodoviários (fiscais, cobradores e motoristas).

Passei 3 anos trabalhando no Centro da Cidade do Salvador, então sabia os horários, os dias, os motoristas, os cobradores, as matrículas dos ônibus. Depois mudei de emprego e passei alguns meses trabalhando em outro local, só que diferentemente dos meus amigos da outra linha, eu pegava o ônibus já no meio do caminho, cheio e não dava puxar conversa com esses novos rodoviários.

Mudei de emprego mais uma vez, em setembro de 2009 e voltei a pegar os ônibus dos meus amigos. Em janeiro de 2011, indo para o trabalho saltei do ônibus no Centro de Salvador e vi um dos meus amigos cobradores. Subindo o ônibus, pela porta da frente, com a farda, como se tivesse indo trabalhar. Falou comigo, deu tchau e o ônibus seguiu viagem.

Dois dias depois, fiquei curioso para saber onde a empresa tinha colocado meu amigo Wilson e perguntei para o cobrador que era compadre dele.

- Rosalvo, para onde foi seu amigo de farra?
- Qual deles João?
- Rapaz, aquele senhor negro, forte, que vive sorrindo, que ia para praia contigo ver as meninas…
- Wilson?
- Sim, Wilson…
 Antes que eu dissesse que tinha visto ele no Centro e que ele tinha falado comigo, Rosalvo olha para mim e diz:
- Wilson morreu.

Wilson foi vitima de um assalto em Salvador e foi morto covardemente pelos bandidos em agosto de 2009. O espírito Wilson estava ali sentado, atrás de Rosalvo, com o mesmo e singelo sorriso. Fiz-lhe uma oração e pedir que seguisse em paz.

A oração tem que ser inserida no nosso dia-a-dia. Como a alimentação, descanso, higiene e trabalho.

Fiquem com Deus.
JP

O Caso do Garotinho



Carlito é um nome fictício, pois ele, ainda é uma criança que deve ser preservada (além disso, o ECA – Estatuto da Criança e Adolescente, assim o ordena) e em respeito a religião da mãe dele, preferir preservar mais ainda está criança.

Carlito é uma criança ociosa, que passava maior parte do tempo em casa com a mãe. Apesar de ser o primeiro filho, perdeu para as três irmãs o posto de predileto e foi aos poucos sendo deixado de lado.

Essa criança sofreu uma das maiores crueldades, foi comparado com as irmãs, sempre de forma a demonstrar que era inferior e ficava esquecido durante o dia.

Com tempo ocioso, começamos a pensar muito, depois começamos a conversar mentalmente, quando menos imaginamos, a conversar passa a ser real. O ideal neste caso, não é o sorriso sínico, com o dedo indicador circulando a orelha, mas sim atenção, carinho, conversa, brincadeiras, tirar a criança do estado mediúnico. Fazendo com que a criança conviva com pessoas de carne e osso e não com pessoas desencarnadas.

Porém como nada disso foi feito, o pior aconteceu, um espírito obsessor se apoderou da criança e nasceu o rotulo de: “maluco”. Gritos, xingamentos, murros, alteração de voz entre outras atitudes violentas tomaram contam da personalidade dessa jovem e doce criança.

Carlito foi consultado em hospitais psiquiátricos, onde cada médico dava um diagnóstico, sem nenhum exame mais aprofundado. Não se pode dizer o que a pessoa tem, apenas por uma simples consulta de aproximadamente 15 minutos.

Eu via todo sofrimento desta criança e não podia fazer nada, pois: “o médico disse!”; “O médico falou!”; “O médico mandou!”.

A única coisa que eu poderia fazer era questionar diagnóstico do médico sem nenhum exame complementar ao seu atendimento, num domingo pela tarde em um hospital público. Porém, os gritos, os murros, os ataques não me deixavam espaço para dizer nada.

Para piorar, o medicamento que a criança estava tomando tinha um efeito colateral. Invés de acalmá-la deixava-a mais violenta, mais agressiva, mais inquieta…

Um belo dia, passeando pela rua próxima a casa de Carlito e encontrei o garoto conversando “aparentemente” sozinho. Aproximei-me dele e puxei conversar. Ele calmamente respondia com educação, como o doce Carlito que conheci, até que um vulto passou entre mim e ele e entrou numa casa que estava com a porta aberta e Carlito interrogou-me de imediato.

- Você viu? Você viu! Você viu Que eu vi você olhando!
- Vi sim Carlito!!! Quem é ele?
- É ele, é seu Barreto (nome também fictício), que fica me perturbando e ninguém ver só eu.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, a criança saiu pulando de alegria por ter uma testemunha de que seu Barreto existia.

Agora tinha um nome e a certeza de que o problema de Carlito era obsessão. Então fiz uma sessão mediúnica e perguntei para nosso irmão Barreto o problema com Carlito. Soube apenas que o problema não era com a criança, que ele tinha mágoa de uma pessoa da família do garoto e que se aproveitou do desenvolvimento da mediunidade da criança.

Se convencer uma pessoa a mudar os hábitos não é fácil, imaginemos mudar o pensamento do espírito, que possui uma raiva, uma mágoa causada pelas atitudes desta pessoa, que se mantém inflexível.

Estava com um problema que não era meu em minhas mãos. Uma criança que, como eu, é médium, que estava sendo taxada de maluca, por causa de um espírito obsessor e para piorar a situação, a mãe da criança é de uma religião que não acredita em espíritos.

Descobri pelo atendimento fraterno da Mansão do Caminho, que a única coisa que poderia fazer era orar pela criança, orar com amor, com fé, pedindo a Deus pela criança, pedindo a Deus cuidado e atenção com o irmão obsessor.

Minhas preces, ou melhor, as preces de todos que acompanharam o sofrimento do garoto, independente da religião, foram atendidas por Deus e uma boa médica apareceu na vida desta criança, que mudou o medicamento que aflorava temporariamente a mediunidade, para um que realmente acalma-o. E hoje ele é quase uma pessoa normal.