sábado, 17 de setembro de 2011

Judas Iscariotes - o emocionante encontro de Irmão X com o Apóstolo

Quero, se possível, que todos meditem sobre este texto, que achei, de Chico Xavier...
jp.


Silêncio augusto cai sobre a Cidade Santa. A antiga capital da Judéia parece dormir o seu sono de muitos séculos. Além descansa Getsêmani, onde o Divino Mestre chorou numa longa noite de agonia, acolá está o Gólgota sagrado e em cada coisa silenciosa há um traço da Paixão que as épocas guardarão para sempre. E, em meio de todo o cenário, como um veio cristalino de lágrimas, passa o Jordão silencioso, como se as suas águas mudas, buscando o Mar Morto, quisessem esconder das coisas tumultuosas dos homens os segredos insondáveis do Nazareno.
Foi assim, numa destas noites que vi Jerusalém, vivendo a sua eternidade de maldições.
Os espíritos podem vibrar em contacto direto com a história. Buscando uma relação íntima com a cidade dos profetas, procurava observar o passado vivo dos Lugares Santos. Parece que as mãos iconoclastas de Tito por ali passaram como executoras de um decreto irrevogável. Por toda a parte ainda persiste um sopro de destruição e desgraça. Legiões de duendes, embuçados nas suas vestimentas antigas, percorrem as ruínas sagradas e no meio das fatalidades que pesam sobre o empório morto dos judeus, não ouvem os homens os gemidos da humanidade invisível.
Nas margens caladas do Jordão, não longe talvez do lugar sagrado, onde Precursor batizou Jesus Cristo, divisei um homem sentado sobre uma pedra. De sua expressão fisionômica irradiava-se uma simpatia cativante.
- Sabe quem é este? – murmurou alguém aos meus ouvidos. – Este é Judas.
- Judas?!...
- Sim. Os espíritos apreciam, às vezes, não obstante o progresso que já alcançaram, volver atrás, visitando os sítios onde se engrandeceram ou prevaricaram, sentindo-se momentaneamente transportados aos tempos idos. Então mergulham o pensamento no passado, regressando ao presente, dispostos ao heroísmo necessário do futuro. Judas costuma vir à Terra, nos dias em que se comemora a Paixão de Nosso Senhor, meditando nos seus atos de antanho...
Aquela figura de homem magnetizava-me. Eu não estou ainda livre da curiosidade do repórter, mas entre as minhas maldades de pecador e a perfeição de Judas existia um abismo. O meu atrevimento, porém, e a santa humildade de seu coração, ligaram-se para que eu o atravessasse, procurando ouvi-lo.
-O senhor é, de fato, o ex-filho de Iscariot? – perguntei.
– Sim, sou Judas – respondeu aquele homem triste, enxugando uma lágrima nas dobras de sua longa túnica.
E prosseguiu:
Como o Jeremias, das Lamentações, contemplo às vezes esta Jerusalém arruinada, meditando no juízo dos homens transitórios...
- É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
- Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra. Jesus estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando, pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de me redimir aos seus olhos.
- E chegou a salvar-se pelo arrependimento?
- Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros resquícios do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria consciência...
- E está hoje meditando nos dias que se foram... - pensei com tristeza.
- Sim... Estou recapitulando os fatos como se passaram. E agora, irmanado com Ele, que se acha no seu luminoso Reino das Alturas que ainda não é deste mundo, sinto nestas estradas o sinal de seus divinos passos. Vejo-O ainda na Cruz entregando a Deus o seu destino... Sinto a clamorosa injustiça dos companheiros que O abandonaram inteiramente e me vem uma recordação carinhosa das poucas mulheres que O ampararam no doloroso transe... Em todas as homenagens a Ele prestadas, eu sou sempre a figura repugnante do traidor... Olho complacentemente os que me acusam sem refletir se podem atirar a primeira pedra... Sobre o meu nome pesa a maldição milenária, como sobre estes sítios cheios de miséria e de infortúnio. Pessoalmente, porém, estou saciado de justiça, porque já fui absolvido pela minha consciência no tribunal dos suplícios redentores.
Quanto ao Divino Mestre – continuou Judas com os seus prantos – infinita é a sua misericórdia e não só para comigo, porque se recebi trinta moedas, vendendo-O aos seus algozes, há muitos séculos Ele está sendo criminosamente vendido no mundo a grosso e a retalho, por todos os preços em todos os padrões do ouro amoedado...
- É verdade – concluí – e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo.
Judas afastou-se tomando a direção do Santo Sepulcro e eu, confundido nas sombras invisíveis para o mundo, vi que no céu brilhavam algumas estrelas sobre as nuvens pardacentas e tristes, enquanto o Jordão rolava na sua quietude como um lençol de águas mortas, procurando um mar morto.
Humberto de Campos (Irmão X), psicografia de Chico Xavier, em 19/04/1935, do livro Palavras do Infinito - Lake Editora

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A mediunidade é: Desenvolvida ou Educada?



Muitas pessoas falam que a mediunidade está sendo desenvolvida, ou que está sendo aflorada. Mas se ela é desenvolvida, por que será que tem períodos em que ela é interrompida?

Falo como sempre, em primeira pessoa, pois até começar a estudar os livros de Alan Kardec, tive meus altos e baixos com a mediunidade. Tinha épocas em que vozes e vultos eram uma constante em minha vida. E épocas em que o silêncio me assustava.

Então comecei a pensar: Se na Terra é o reflexo do Mundo Espiritual, ("assim na Terra como no Céu") logo, a suspensão da mediunidade não é um castigo e sim proteção. Pois um verdadeiro Pai, como DEUS é, não castiga os filhos, mas sim, protege-os.

Quer um exemplo? Ver um espírito de um amigo querido ou um parente que nos protege, é uma maravilha. Mas imaginem aí se um espírito perturbado, que desencarnou magoado, aborrecido, me aparece? O que eu faria com ele? E o pior, imagina se ele descobre que posso vê-lo? Como é que me livro dele?

Então percebi que tinha que estudar para ter mediunidade, ou seja, educar a mediunidade.

A mediunidade é como a escrita, que veio mudar a história do mundo. Todos nós nascemos sem saber ler nem escrever, no entanto, todas as letras, frases, orações, verbos, pronomes, substantivos, adjetivos já existem. Quando nos educamos, podemos ler, escrever, compor, declamar.

Qualquer um de nós, pode educar o dom da música, da pintura, da literatura, escultura, oratória… O mesmo acontece com a mediunidade, ela está sempre conosco, mas precisamos nos educar espiritualmente.

Quer mais um exemplo? Minha irmã Patrícia não é espírita, porém tem como poucos o dom de aprender rapidamente as coisas e olhe que não é pouca. Ela toca violão, canta, pinta, fala fluentemente italiano. Quando ela quer aprender uma língua ou uma arte ela consegue.

Então! A mediunidade é a mesma coisa. Tem pessoas que a educam em pouco tempo, outros demoram mais par obter o mesmo resultado.

Um exemplo mais citado sobre a mediunidade e seus riscos, é dado pelo Professor Divaldo Franco: “Se você entrar num laboratório de química, e ver um tigela com um líquido transparente dentro, e o rótulo escrito H₂O, este líquido não gerará riscos. Porém o H₂SO₄ é tão transparente quanto o H₂O, mas é ácido sulfúrico”. Se eu não deixar uma criança entrar num laboratório de química estarei sendo ruim ou protetor?

Aprendam mais sobre o espiritismo, as nomenclaturas, estudem a bíblia, a vida de Jesus Cristo, saibam amar incondicionalmente, sem perder a oportunidade de perdoar. 

Abraços Carinhosos
jp

sábado, 3 de setembro de 2011

Os devotos de São Thomé


Se, tem algo que me tira do sério é a desculpa de quem não acredita em espírito por vê-los, os chamados Devotos de São Thomé, tem que ver para crer.

Hoje, estava pensando nos invisíveis que utilizamos diariamente. Ao acordar, ligo o rádio todos os dias, as freqüências moduladas também são invisíveis e estamos cercadas delas. Mas ligando o rádio, poderemos captar as vozes dos radialistas, repórteres, entrevistados e é claro, dos cantores.

Em seguida, ligo a televisão. As ondas eletromagnéticas que trazem som e imagens para minha televisão, também são invisíveis aos olhos humanos e, no entanto, ao ligar a TV, assisto de tudo e mais alguma coisa. Em relação a TV, ainda tem outro grande exemplo. Uma TV normal não exibe todos os canais de uma TV a Cabo ou com parabólica. O que poderemos comparar com médiuns. Nem todos possuem a capacidade de ver todos os espíritos da mesma forma. Eu por exemplo, vejo sombras, vultos, para ver realmente, tenho que relaxar bastante e me concentrar mais ainda. Porém nosso querido Divaldo Franco tinha inicialmente dificuldade em distinguir encarnado de desencarnado, tamanha era a educação mediúnica.

Mas voltando ao que não vemos, ainda temos em casa o wireless, pois utilizo de qualquer lugar da minha casa, meu netbook, para me comunicar com minha mãe que está em Portugal, sem nenhum fio. E por falar em comunicação, quem é que ver a voz dos nossos amigos, parentes e companheiras chegando aos nossos telefones celulares?   

Logo, o que não vemos não é prova de que não exista.

Os espíritos fazem-se presente muito mais do que podemos imaginar. Quem nunca pressentiu algo de bom ou ruim? A todo segundo recebemos passes, sugestões, incentivos, avisos, lenitivos, orientação e o que fazemos? Dizemos: “é intuição”, “é sexto sentido”, “a vida me ensinou”, “sou esperto demais”… No melhor das hipóteses, a gente diz “meu santo é forte!”. Lado bom da história, os bons espíritos querem sempre ajudar, sem necessidade de créditos.

Em 2001, estava em Portugal, na casa da minha mãe em Caldas da Rainha, quando meus avôs ligaram de Lisboa pedindo para ir buscá-los. Tinha acabado de chegar da rua com o Citroën Ax, que até então funcionava lindamente. Tomei um cafezinho com minha mãe e voltei para o carro para ir buscar minha avó e meu avô.

Porém o carro que estava lindamente, não quis mais pegar de forma alguma, o que me obrigou a pegar o carro do meu padrasto para percorrer os 90 kms entre a casa da minha mãe, em Caldas e a casa da minha tia, onde estavam os meus avôs em Lisboa.

Fui e voltei rapidinho, pois as estradas Européias são verdadeiros tapetes. Mas ao retorna a casa, voltei-me para o Citroën Ax que não queria funcionar. Pois é, ele não queria, no passado, pois assim que dei a chave, o motor ligou sem nenhum esforço.

Como não iria mais sair com o carro, coloquei dentro do pátio da casa, quando meu vizinho avisou que o carro estava vazando “água”. Abrir o motor e constatei que o radiador estava cheio, que o problema não era água. Foi então que resolvi olhar debaixo do carro e descobrir que o líquido transparente era o fluído do freio que estava vazando.

Neste momento agradeci á Deus por ter mandado os bons espíritos me proteger, evitando que pegasse uma estrada com um carro sem freios.

Lembrem-se, não estamos sozinhos e o ato de orar tem que está presente no nosso cotidiano.